A volta do UFC ao Brasil, com a edição carioca do último mês de agosto, no Rio, foi um capítulo importante na crescente popularização do MMA no país. E, de olho nesta onda, um dos maiores eventos da modalidade na América Latina, o Jungle Fight, já sente os efeitos e sonha alto. A intenção é chegar à TV aberta, em um trabalho que combina noitadas para grandes públicos e programações em comunidades carentes, contribuindo para a massificação das artes marciais mistas.
Hoje o Jungle Fight será na Quadra da Mangueira. Antes, um evento foi realizado na Cidade de Deus. As duas comunidades contam com UPPs, as unidades de Polícia Pacificadoras que marcam o controle do estado nos locais.
“Ir para estes locais é uma chance de popularizar o esporte. Estamos fazendo um trabalho muito forte e em 2012 planejamos fazer de 12 a 24 eventos. Vamos fazer na Rocinha... Esse trabalho com as UPPs é porque queremos que os ídolos dessa criançada sejam os esportistas, para elas poderem ver que podem conseguir algo melhor com o esporte. E o Brasil é a terra do MMA”, diz Wallid Ismail, presidente do Jungle Fight.
O evento terá uma edição em São Paulo em dezembro, com expectativa de seis mil pessoas no ginásio do Pacaembu. Uma noitada de maior porte no Rio espera atrair dez mil pessoas.
"O UFC é a Copa do Mundo, e o Jungle Fight é a Libertadores", diz Wallid
- Apesar do monopólio do UFC em nível mundial, o Jungle Fight vê apenas vantagens com a chegada do Ultimate ao Brasil. Lutadores como José Aldo, Paulo Thiago e Lyoto Machida passaram pela competição, que se vê como criadora de talentos.
- “O UFC é a Copa do Mundo e nós a Libertadores. Muitos dos lutadores do UFC vieram do Jungle Fight. É como uma divisão de base do UFC. Fazemos esse papel”, diz o presidente Wallid Ismail, fã declarado de Dana White. “A explosão se deve ao UFC. Não vou competir com eles, eu abro as portas, quero que os atletas lutem lá mesmo. Os competentes prevalecem, quando o UFC chega, os grandes ficam grandes e os pequenos somem. O Ultimate salvou o esporte e está escancarando portas, mas você tem de ser competente em aproveitar isso.”
O Jungle Fight renovou recentemente seu acordo de transmissões com a ESPN para os Estados Unidos. No Brasil é visto em pay-per-view, pelo canal Combate, da Globosat. O sonho, no entanto, é imitar o UFC, indo para a TV aberta.
“Estou trabalhando forte para isso. Temos um evento de alto nível e também sonho em ir à Globo aberta, mesmo que precisasse fazer em outro horário”, explica Wallid, que não descarta acordos com outras emissoras. “Tenho interesse em quem se interessa no Jungle Fight.”
Na Quadra da Mangueira
Wallid anunciou no início deste mês de novembro a realização do evento na Mangueira, após reunião com Ivo Meirelles, presidente da escola de samba do local. Em 22 de outubro, o Jungle Fight 33 foi realizado na Cidade de Deus, comunidade da Zona Oeste do Rio, e atraiu 2.500 pessoas, num evento considerado sucesso pela organização.
O combate principal neste sábado terá disputa do cinturão interino da categoria leve, até 70 kg. Neilson Gomes, da Champions Team - equipe de Luiz Dórea, mestre de Júnior Cigano -, vai encarar Adriano Martins, da Top Life Amazonas.
Estão previstos mais seis lutas, nas categorias galo, pena, leve e meio-médio. A transmissão do canal Combate é anunciada para as 21h (de Brasília), hoje.
Passistas da Mangueira se preparam para desafio como ring girls do MMA
Experientes na Passarela do Samba, jovens de 18 anos estream no octógono do Jungle Fight neste sábado e lidam com ciúmes e cantadas
Neste sábado, o Jungle Fight 34 chega à Mangueira, no Rio de Janeiro, com um card especial de lutas na quadra da Estação Primeira. A escola de samba estará bem representada por duas beldades no octógono: as passistas Evelyn Bastos e Juliana Carvalho, de 18 anos, que dividirão com as duas ring girls oficiais do evento a responsabilidade de informar a todos cada round das sete lutas programadas. O canal Combate transmite ao vivo a partir de 21h (horário de Brasília).
A dupla foi escolhida a dedo pelo presidente da escola, Ivo Meirelles, que fez questão de colocar uma mulata e uma loura. Entre as duas, são mais de 20 anos de avenida - Evelyn é passista desde os quatro anos de idade, e Juliana desfila desde os nove - mas nenhuma experiência no MMA. Apesar de verem uma vez ou outra na TV, as duas admitem que não conhecem nada do esporte e têm pavor de briga.- Eu tenho medo de perder cabelo, não posso! - brinca Evelyn, a morena, que no entanto se diz tranquila com a possibilidade de ver sangue e lesões durante os combates - Eu fiquei na dúvida entre fazer medicina e educação física na faculdade. Quem quer ser médica não pode ter medo de ver sangue.
Para Juliana, a loura, briga só com o namorado, que se mordeu de ciúmes ao saber que a passista trabalharia como ring girl neste sábado. Porém, ela já pensa em praticar boxe ou muay thai.
- Hoje em dia é necessário, os caras são muito abusadinhos. Acho show de bola ver as mulheres atuando em todos os campos. Acho bacana, desde que não perca o lado feminino - explica.
Para a estreia no octógono, as duas estão tranquilas e esperam ter algumas dicas das ring girls titulares do Jungle Fight. Juliana procurou assistir a vídeos do UFC na internet para estudar a postura e caminhada das modelos americanas. Evelyn ressalta que, apesar de o trabalho de passista também exigir simpatia e alegria, o desafio nas lutas é diferente.
Por causa da pouca idade, a dupla ainda não aproveitou ao máximo a experiência de estar na Mangueira, que viaja para diversos estados e países para apresentar seu carnaval, algo parecido com o que a carreira de ring girl pode proporcionar. Evelyn, que já viajou para São Paulo, Paraná, Minas Gerais e Ceará com a escola, pretende continuar representando a comunidade no samba. Juliana pensa parecido: ocupada com os compromissos com o samba, faculdade de fisioterapia e cursos diversos, não pensa na carreira de ring girl. Mas...
- É um assunto novo pra mim. Se eu recebesse alguma proposta interessante, com certeza faria - diz a passista, que espera sentir a mesma adrenalina de um desfile na Marquês de Sapucaí. - Quando você trabalha com público, tem que fazer de um jeito que não decepcione. Luta ou samba, o empenho tem que ser o mesmo.
Card Completo (sujeito à modificações)
- 70kg Neilson Gomes (Champion Team) vs. Adriano Martins (Top Life Amazonas) – (valendo o cinturão interino da categoria)
- 77kg Bazan Rojas (Barbosa Team,Bolivia) vs. Lucas Rota (Killer Bees)
- 66kg Paulo Bananada (X Gym) vs. Diego Akita (Peru)
- 61kg Marcos Vinicius “Cabecinha” Sá Freire (Mangueira Team) vs. Maurício Rosi (X Gym)
- 70kg Douglas Bertazine (Miguel Repanas Team) vs. Marco Marciel (BTT)
- 61kg Sidnei de Oliveira (Relma Team) vs. Reynaldo Reyzinho (ATT)
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